Acupuntura e Imunomodulação
A acupuntura e seus recursos apresentam efeitos benéficos em uma gama de situações que discorrem da disfunção de algum órgão ou sistema. Nisso podemos incluir situações como dismenorreia, osteoartrite, neuralgias, gastrite, depressão entre outras.
O Pesquisador Dr. Du Yuanhao, do Centro de Investigação de Acupuntura Chinesa de Tianjin, afirma que, de acordo com uma investigação realizada por cientistas chineses, a acupuntura pode tratar 461 moléstias, a maioria delas relacionadas com o sistema nervoso, digestivo, geniturinário e com os músculos, os ossos e a pele. Dr. Yuanhao cita três categorias de condições tratáveis pela acupuntura: as que são tratadas somente por acupuntura, aquelas que a acupuntura é o tratamento principal e as doenças em que a acupuntura somente é tratamento adjuvante.
Já a Organização Mundial de Saúde considera a acupuntura benéfica para 146 condições, incluindo efeitos secundários à quimioterapia. Estudos clínicos e experimentais mostram que a aplicação de acupuntura é eficaz no tratamento de condições que levam a imunodeficiência, promovendo a resistência às infecções e melhorando a imunidade. Os efeitos imunomoduladores da acupuntura podem ser expressos em três categorias: local, neural e neurohumoral.
Imunomodulação Local: Os pontos de acupuntura são anatomicamente diferentes dos locais adjacentes. Nos chamados acupontos, descritos nos clássicos de medicina chinesa, a ciência moderna demonstrou que há aumento estruturas dos capilares, terminações nervosas simpáticas, papilas dérmicas e locais de eletrólitos incorporado com junções comunicantes condensadas na epiderme, de modo que eles possuem diferentes potenciais elétricos. Interessantemente alguns pontos estão sobre pontos motores, que por sua vez, também é comum encontrar pontos gatilhos, como descrito por Travel (1942), mas que não podem ser reduzidos somente a isto. Outros pontos são plexos de alta-densidade ou princípio de nervos. Além disso, os pontos de acupuntura apresentam densa terminações nervosas livres, receptores tendinosos, corpúsculos de Meissner, termoceptores e junções neuromusculares. O agulhamento dos acupontos leva a liberação de substâncias que desencadeiam a vasodilatação, causando aumento da permeabilidade e reações em cadeia, promovendo a estabilidade celular, e consequentemente promove analgesia e homeostasia celular.
Imunomodulação Neural: De acordo com os clássicos, o efeito terapêutico da acupuntura esta diretamente relacionado ao deqi. Sob o ponto de vista neurofisiológico, o deqi deriva da estimulação de mecanorreceptores das terminações nervosas livres, principalmente as fibras aferentes Aδ, que transmitem o estímulo para corno dorsal da medula espinhal. A partir de excitação de interneurônios, encefalina é liberada, promovendo uma inibição pós-sináptica no nível segmentar. Um mecanismo paralelo heterosegmentar também promove liberação de serotonina de neurônios do núcleo magno da rafe diretamente nas células da substância gelatinosa na medula. Inputs somatosensoriais da pele e músculos irão influenciar várias funções autonômicas, e devemos incluir aqui reflexos viscero-cutâneos, musculo-cutâneos intersegmentares.
Imunomodulação Neurohumoral: A secreção de β-endorfina e do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pelo hipotálamo talvez sejam as principais ações que desencadeiam efeitos analgésicos e anti-inflamatórios derivadas de estruturas centrais a partir da estimulação periférica pela acupuntura. Endorfina e encefalina aumentam a atividade de células natural killer, geração de linfócito T, quimiotáxia de monócitos e produção de interferon-γ e interleucinas. Desta forma, as endorfinas possuem diferentes funções imunes e o efeito imunomodulatório da acupuntura é diretamente relacionado à liberação de opioides endógenos.
Texto baseado no artigo: Kavoussi B, Ross BE. The Neuroimmune Basis of Anti-inflammatory Acupuncture. doi:10.1177/1534735407305892