Exercícios Tradicionais Chineses nos Cuidados Oncológicos
Há na atualidade há um apelo muito grande, por parte da população, na busca de cuidados em saúde fundamentados nos aspectos naturais, que ativam respostas fisiológicas corporais e que atinjam um equilíbrio sem causar efeitos colaterais, normalmente observados com uso de medicações.
É fato que medicações são necessárias, porém, muitas vezes podem ser administradas de forma racional, minimizando efeitos indesejados, quando utilizadas em conjunto com terapias naturais. E neste caso em específico, muitos estudos relatam a utilização destas terapias complementares no auxílio do cuidado oncológico.
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Os exercícios tradicionais chineses fazem parte do arsenal de cuidados em saúde há muito tempo na China, e desde centenas, e talvez milhares de anos os povos do leste asiático reconhecem os benefícios destas práticas. Com o advento da modernidade, e melhora da difusão de informações fora das fronteiras da China, o ocidente conheceu as práticas tradicionais, sejam elas marciais ou para cuidados em saúde. Entre as mais conhecidas esta o Taijiquan, onde se popularizou com a sua escrita antiga, Taichichuan, e o Qigong, também popularizado no ocidente como Chikung. Ambos são práticas que podem apresentar variações marciais e para saúde. Em especial o Qigong ganhou importância no âmbito nacional chinês a partir dos anos 40, com a criação de diversos sanatórios que utilizavam estas práticas na recuperação e reabilitação de pacientes nas mais diversas condições. São inúmeros os casos relatados de pessoas que alcançaram a cura com a prática de Qigong. Da mesma forma o Tajiquan, após sua simplificação, começou a ser utilizada como método de prevenção, manutenção e reabilitação em saúde.
De um aspecto geral, os exercícios tradicionais chineses são muito investigados sob a ótica da ciência moderna, com interesse em especial nos cuidados de pacientes oncológicos. Os mecanismos potenciais pelos quais os exercícios tradicionais ajudam no tratamento e recuperação de pacientes com câncer são amplamente especulados. Devemos ter em mente que estes exercícios é uma organização complexa de práticas mente-corpo que se baseia nas teorias essenciais de Medicina Chinesa. Talvez porque os chineses promovam muito o uso de exercícios físicos para auxiliar pacientes nesta condição. A maioria das formas se concentra na coordenação de postura, padrões de respiratórios e meditação, pela qual os mecanismos naturais de recuperação da saúde podem ser evocados, enquanto o nível de liberação de neuro-hormônios endógenos poderia ser equilibrado, e assim, a tensão física e emocional e a função imunológica podem ser melhoradas. Os exercícios tradicionais chineses apresentam uma característica inerente às demais praticas complementares psico-físicas, como o Yoga e a Meditação, que é o foco na respiração. A regulação da respiração durante o exercício de Qigong, por exemplo, induz uma resposta de relaxamento calmante. Esta resposta ocorre por estimulação do sistema nervoso parassimpático e ativação do nervo vago o qual desacelera e aprofunda a respiração, aumentando os níveis de oxigênio e dilatando as artérias, assim promovendo redução da resistência cardiovascular e, subsequentemente, redução da pressão arterial. Benefício adicional os efeitos incluem melhora do fluxo sanguíneo para o cérebro, alteração das ondas cerebrais associadas a uma sensação de bem-estar, reforço do sistema imunológico e regulação dos níveis glicêmicos.
Estudos levantaram a hipótese de que a citona interleucina 6 (IL-6) pode estar associado à proliferação celular medicamentosa por inflamação e ao crescimento tumoral, enquanto com o processamento da intervenção de exercícios terapêuticos tradicionais chinese, a IL-6 derivada contribuiria para os efeitos anti-inflamatórios e a lipólise são então induzidos, o que em última instância ajuda a manter peso e reduzindo o risco de recorrência. Outros estudos demonstraram que o câncer em pacientes com sobrepeso (por exemplo, pacientes com câncer de mama, próstata e coloretal) podem estar associados a um maior risco de recorrência do câncer e até morte.
Os exercícios tradicionais chineses parecem ser uma boa opção e potencialmente benéfica para pacientes com câncer, e entender os seus mecanismos pode ser de interesse. Desta forma, a melhoria na função imunológica por meio da modulação dos níveis de citocinas e neurohormônios, que podem neutralizar a deficiência imunológica experimentada pela maioria dos pacientes com câncer. Outras hipóteses incluem a melhora função microcirculatória, incluindo mudanças na viscosidade do sangue, elasticidade do sangue vaso e função plaquetária. Também deve-se levar em consideração o aumento no limiar da dor como resultado dos efeitos do relaxamento. A prática destes exercícios deve ser encorajada, estimulada e divulgada, para que mais pacientes possam se beneficiar.
Texto baseado no artigo: McGee, RW. Tai Chi, Qigong and the Treatment of Cancer. doi: 10.26717/BJSTR.2021.34.005621