Meditação Mindfulness no Tratamento de Dor
Podemos classificar a dor em aguda ou crônica. A dor aguda, é aquela que surge com a lesão ou potencial lesão tecidual, e tem um caráter meramente de proteção do organismo, para manter ou restaurar a integridade do nosso corpo.
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Dentro deste contexto, a dor funciona como um alarme de proteção. Já a dor crônica, é a sensação que permanece depois do processo cicatrização, quando não há mais inflamação presente, no entanto o alarme permanece ligado. Este tipo de dor é a verdadeira pedra no sapato dos clínicos, e muitas vezes o inferno astral de muitos pacientes que sofrem com essa condição. Na atualidade há um verdadeiro arsenal de tratamentos com o objetivo de controlar a dor, e em muitos casos, o resultado é frustrante. Isso acontece porque a dor crônica apresenta componentes complexos que envolvem núcleos especializados no cérebro e que o controle da dor não se encontra somente no âmbito das sensações físicas.
Entre estes componentes esta o afetivo-motivacional, o qual também é chamado de dimensão afetiva da dor. Estudos de neuroimagem colocam a amigdala, o córtex pré-frontal e o córtex cingulado anterior como áreas do cérebro que fazem a interação entre a dor e a emoção. Muitos pacientes com dor crônica se encontram presos nessa dimensão, e podem surgir sintomas secundários a dor, como ansiedade, medo, depressão, e uma gama de outras emoções negativas.
A presença destas emoções transformam o dia-a-dia dos pacientes num desastre, acabando com a qualidade de muitas vidas. Surgem então diversos demônios, que aterrorizam e povoam os pensamentos, e isso chamamos de ruminação e pensamentos catastróficos. Esses comportamentos tornam o cérebro com uma tempestade de estímulos, agravando ainda mais a sensação de dor. O treinamento no foco atencional, uma das abordagens do mindfulness, mostra que a intensidade da sensação de dor é reduzida, o qual é acompanhada pela redução da ansiedade.
Pesquisadores da neurosciência têm investigado a ação das práticas meditativas no sistema nervoso, e diversos trabalhos têm demonstrado que a realização de mindfulness desativa áreas relacionadas à dor, e ativa aquelas relacionadas ao bem estar-físico, promovendo mudanças neuroplásticas, regulando atenção, emoção e promovendo o auto-cuidado, ou seja, libertando os pacientes da prisão da dimensão afetiva da dor.